A velha vendedeira de flores continua na praça, apregoando.
Mas uma enorme sombra projectada, que embriaga quase tanto como a garrafa,
consolidou o povo no seu papel de testemunhas. apenas.
Passam por ela cegos, indiferentes, cheios de vazio.
Mas uma enorme sombra projectada, que embriaga quase tanto como a garrafa,
consolidou o povo no seu papel de testemunhas. apenas.
Passam por ela cegos, indiferentes, cheios de vazio.
Apenas o viajante estrangeiro repara nelas
.*Fotografia do John
(escultura numa praça de Cracow)
manipulada por mie
6 comentários:
há pessoas a quem tratamos com o mesmo desprezo que devotamos aos pensamentos recorrentes e desagradáveis, na maioria das vezes são os pedintes, os arrumadores de carros, os toxicodependentens, mas as figuras populares também já entraram neste rol, fruto da nossa falta de paciência... e eu adoro comprar flores e perfumes a estas mulheres!
beijinho, mie.
Sim, os viajantes. Da alma reparam. Estrangeiros. Ou não.
Abraço
Será que o corre corre do dia a dia nem sequer nos permite olhar para o lado?
Beijinho, Mie
obrigada.
piano.
A rotina mata.
faz-nos insensíveis e torna-nos cegos para o que se passa um palmo à frente do nosso nariz.
Não vemos nem ouvimos ou outros.
deixo aqui um poema de Eugénio de Andrade que diz tudo sobre ela, a rotina que mata a vida.
Rotina
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Eugénio de Andrade
Beijinhos no coração de todas
Fiquem bem
É horrível pensar que posso passar e não ver tanta coisa que merece um olhar. E difícil de aceitar. É preciso contrariar! :)
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