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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008




A velha vendedeira de flores continua na praça, apregoando.
Mas uma enorme sombra projectada, que embriaga quase tanto como a garrafa,
consolidou o povo no seu papel de testemunhas. apenas.
Passam por ela cegos, indiferentes, cheios de vazio.

Apenas o viajante estrangeiro repara nelas
.

*Fotografia do John
(escultura numa praça de Cracow)
manipulada por mie

6 comentários:

Anónimo disse...

há pessoas a quem tratamos com o mesmo desprezo que devotamos aos pensamentos recorrentes e desagradáveis, na maioria das vezes são os pedintes, os arrumadores de carros, os toxicodependentens, mas as figuras populares também já entraram neste rol, fruto da nossa falta de paciência... e eu adoro comprar flores e perfumes a estas mulheres!

beijinho, mie.

Tríade Aumentada disse...

Sim, os viajantes. Da alma reparam. Estrangeiros. Ou não.
Abraço

Maria disse...

Será que o corre corre do dia a dia nem sequer nos permite olhar para o lado?

Beijinho, Mie

hora tardia disse...

obrigada.









piano.

Mié disse...

A rotina mata.
faz-nos insensíveis e torna-nos cegos para o que se passa um palmo à frente do nosso nariz.
Não vemos nem ouvimos ou outros.

deixo aqui um poema de Eugénio de Andrade que diz tudo sobre ela, a rotina que mata a vida.

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade



Beijinhos no coração de todas

Fiquem bem

Ana Paula Sena disse...

É horrível pensar que posso passar e não ver tanta coisa que merece um olhar. E difícil de aceitar. É preciso contrariar! :)

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