É a "sharia"
Talvez ela esteja a ser chicoteada no exacto minuto em que escrevo estas palavras. Uma jovem da Arábia Saudita, condenada a duzentas vergastadas e seis meses de prisão, depois de ter sido violada catorze vezes por sete homens.
O seu crime? Estar dentro de um automóvel acompanhada por um homem, nesse momento em que um grupo de sete violadores a atacou. Contestou a sentença e viu a sua punição ampliada. Duzentas chicotadas podem matar. Explicam-me que, como não é essa a condenação, a tortura será doseada - os verdugos sabem quantas chicotadas têm que dar de cada vez, para que a jovem sobreviva. Já sobreviveu a catorze violações de seguida. Tem dezanove anos.
(...)
É a "sharia", elas estão habituadas.
(...)
É a "sharia", repetimos, como se os seres humanos que vivem sob essa barbárie não fossem feitos da mesma carne e do mesmo sangue que os ocidentais. Pensamos que é lá longe, que não podemos fazer nada. Mesmo quando os maus tratos sucedem no nosso país, ao nosso lado, as pessoas sentem-se impotentes. Ou sentam-se na impotência. Não acabou a menina Esmeralda por ser condenada à "sharia" do Espermatozóide, em vigor nos tribunais portugueses à revelia da Declaração dos Direitos da Criança - uma "sharia" que determina a prevalência da biologia sobre os afectos da criança?
(...)
Inês Pedrosa. Vale a pena ler na íntegra aqui
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É a "sharia", elas estão habituadas.
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É a "sharia", repetimos, como se os seres humanos que vivem sob essa barbárie não fossem feitos da mesma carne e do mesmo sangue que os ocidentais. Pensamos que é lá longe, que não podemos fazer nada. Mesmo quando os maus tratos sucedem no nosso país, ao nosso lado, as pessoas sentem-se impotentes. Ou sentam-se na impotência. Não acabou a menina Esmeralda por ser condenada à "sharia" do Espermatozóide, em vigor nos tribunais portugueses à revelia da Declaração dos Direitos da Criança - uma "sharia" que determina a prevalência da biologia sobre os afectos da criança?
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Inês Pedrosa. Vale a pena ler na íntegra aqui
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O Estado das Coisas,
Telas da mie
4 comentários:
Olá Mie
Neste nosso mundo...se, em cada segundo que passa, dessemos conta e tivessemos conhecimento de todas as atrocidades,torturas,privações, maldades e assassinios que se cometem, contra seres humanos,por outros seres humanos,a cada instante que passa,certamente, que não seriamos,...gente mais ou menos equilibrada e com afecto suficiente, para sentir revolta e indignação.
A noticia das 200 chicotadas, à pobre rapariga saudita, impostas por um tribunal por ter recorrido da sentença, por não achar justa a condenação que tiveram os tipos que a violaram... e, a consequente suspensão do exercicio da actividade do advogado que a representou, leva-nos a pensar que, realmente, a liberdade e a democracia, mesmo que essa liberdade e democracia não sejam sinónimo de justiça, temos como exemplo, o caso da pequena Esmeralda,... é sem dúvida, mil vezes melhor,do que ter o azar de viver sob um regime sinistro e, completamente esquizofrénico, igual ao que impera naquele país.
E, o Ocidente e o exemplar modelo de "democracia" e "liberdade", apregoado pelos EUA,... apoiam, com toda a convicção e afeição, um regime, totalmente arcaico e maquiavélico.
É, realmente de ficar com um nó na gargante.
Um abraço
Vieste lançar aqui um tema que é fogo........
Estou absolutamente contra as chicotadas da jovem da Arábia Saudita, nem sequer as "entendo"...
Em relação à pequena Esmeralda, há dias em que o meu coração fala mais alto que a razão, outros dias é exactamente o contrário...
Mas é um assunto tão complicado, e foi tão manipulado pela comunicação social....
Só quero dizer agora uma coisa: o facto das condições financeiras do pai biológico poderem ser inferiores às condições financeiras do casal que manteve a criança "escondida" (pra não dizer outra coisa) das autoridades não significa que a criança deva permanecer com esse casal....
... mas é tão complicado....
Beijos, Mie
Olá maria soares
É revoltante. Como é possível ainda haver lugar a este tipo de coisas.
Cultura, dizem, mas a cultura não pode justificar isto, nem tão pouco a religião.
Revolto-me, indigno-me, tento por-me no lugar da jovem de 19 anos, que estava, talvez com o homem que ama, no carro, a falar, e...
Este tipo de sociedade não tem razão para existir, quando se considera a mulher como um ser abjecto, desprezíve, sem direito a nada.
Sou contra!!!!
Fica bem, um beijo.
Olá maria
O tema é fogo mesmo.
Em relação à Esmeralda, eu sou totalmente contra que ela seja entregue ao pai biológico, que até vai ficar é com terceiros que nunca viu nem tem qualquer laço afectivo.
O direito da criança em primeiro lugar, sempre.
Se os tais pais afectivos erraram que sejam julgados por isso, mas nunca a pena terá de ser paga pela criança, que é o que aconteceu.
Existe uma relação de afecto, única, que a criança conhece desde que nasceu praticamente, e é isso que tem de ser respeitado.
Que o pai biológico se aproxime da criança, com método e regras, acho bem, mas nunca ficar com ela.
Fica bem
Um beijo
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